19.8.16

Vintes de agosto

Aos vintes de agosto chovia em Santa Cruz e
nem sequer havia quem fosse connosco andar
de bicicleta ou jogar à bola na areia, como nos
outros dias de verão em que ainda não eram

vintes, nem talvez agosto, mas também chovia
em Santa Cruz. Eu olhava o vazio pela janela
do quarto e voltava a deitar-me no chão, umas
caricas entre os dedos, a inventar jogos que

ficavam registados em cadernos com os nomes
dos jogadores, os resultados, uma passagem do
tempo em versão acelerada que nem os vintes

nem agosto conseguiam parar. Uns dias depois,
voltaria ao calor e aos amigos da escola, mas o
olhar ficaria para sempre preso no vazio da janela.