21.6.16

Epístola à gente do futuro - II

Foi então que deixámos de caminhar
em direção ao que seria o nosso futuro
para passarmos a escutar aquilo
que nos faziam crer ser o nosso passado.

Deixámos de lamentar sortes e lotarias, 
nunca nos convenceram na aleatoriedade
das sensações deixadas pelas classes fortes, 
para nos entregarmos ao entendimento

profundo do que os tempos nos haviam
ensinado. E foi de tal forma pungente
a perceção de que as nossas dores tinham
já cura na entrega às marés de quem lutou

antes de nós, que os barcos puderam 
retomar seus rumos sem mais temer o mar.