4.5.16

De um livro aberto numa cadeira do hospital

De um livro aberto
numa cadeira do hospital
saem vozes em 
línguas estrangeiras. 

Entendo-as sem esforço algum.

São os olhos de um amigo
e as suas palavras dóceis,
estranho hábito de quem se gosta
sem nunca precisar de confissão.

De um livro aberto
numa cadeira do hospital, 
viagens no tempo e 
roupas confortáveis. 

Mergulho em mim sem receio.

E ser eu ou ele quase
nada importa ao poema, 
hábil certeza de quem passa

sem precisar de ver os passos no chão.