25.12.15

Espectro

Um espectro mas não lívido, quente o bafo no gelo da madrugada caminhando pela rua com uma caixa à altura do peito - o olhar fixo no meu, cruzando-me onde nenhum outro sinal de vida - as casas cheias de amor e famílias que se odeiam, copos partidos, risos de festa, a mentira do para sempre - e a sombra a definir-se na aproximação, o raro transformando-se em corpo inteiro, as partículas que se conjugam e então percebo - o olhar assustado, o espectro sou eu.