24.12.12

O pastor; a solidão - 11


Foi brutal a devoração.
Os corpos vivos em multiplicação,
a raiva bem feroz nos dentes.
Ninguém mais
acima ou abaixo da terra.
Ninguém mais de dentes verdes.
Nenhuma aldeia, habitante.
O pastor lívido, sobre uma árvore,
sem saber se vivia ou se sonhava.
O pastor lívido sem qualquer reacção.
Ele era o pastor,
conhecia a palavra e o destino.
Ele conduzia o rebanho,
sem pensar, à sua perdição.
Ele inaugurava a sua solidão,
muito antes de ser sozinho.
O pastor lívido perante o vazio,
onde nem sobrou a decomposição.