12.8.11

Da injustiça da reescrita

Compreendo a injustiça da reescrita. Se por um lado o sentimento já nasceu transformado no encontro do papel, a limpeza das suas arestas tornou-o generalizado, se bem que ainda perceptível ao objecto desejado. Voltar anos depois, significa submetê-lo à mais crua das razões. O texto já não é agora do momento em que nasceu, mas sim uma revisão severa de tudo o que aconteceu depois. Esquecemos palavras que foram importantes, atropelamos coisas como olhares que não podem ser reescritos, apenas para suceder no advento da personagem. Sim, eu compreendo a injustiça da reescrita. Mas não me queiram fácil e acessível às vossas mãos. Isto sou apenas eu a deitar pedras no caminho. Eu, a falsificar um pouco mais a ideia que tu, leitor, possas ter de mim.