8.8.11

atrapalhados (2004)

Ensaiámos sinfonias de carícias quando ainda só palavras nos podiam sorrir e acabamos muitas vezes por adormecer ao som dos vizinhos que partiam para o trabalho. Fizemo-nos andar de olhos vermelhos pela rua e adormecemos, outras noites, nos braços incrédulos de quem mais nos ama. A tudo isso dedicamos um silêncio escrupuloso, desenhando outras notas nos cadernos de música amarelecidos. Enfim a sorte, ou o automóvel, ligou-nos os dedos como se cosem meias: com linha forte e para sempre. Agora dormimos noites pelos sofás, sinais de camas proibidas, e aceitamos os erros um do outro, quando nada se aceita de um amor. Para não cairmos em tentação, fechamos os olhos e olhamo-nos em intermitência. 




in Esferovite